O que mais me espanta é viver sem mágoa, ter desaparecido... há ainda um dia, uma ocasião, em que aquela força oculta me visita e esmaga... não é fácil descrever, uma tristeza profunda... mas rara. Talvez seja passageiro. Reli uma tradução que fiz, um poema grego, em que o primeiro verso é a promessa dum lamento eterno... mas é cada vez mais ténue. A voz, ainda me soa com uma clareza extraordinária, as memórias do sexo... pouco mais, de resto, aqueles vislumbres da vida que continuou, a crueldade do tempo no rosto. Entristeceu-me profundamente tê-la visto assim tão feia, tão vulgar, imbecil. Parece-me que a vida não lhe deu grande coisa. Acontece. Tanta maldade, tanto mal desnecessário, tudo tão desnecessário, a doença do nosso tempo.
Por aqui, lá vamos visitar as igrejas da Peste e ver aquele testemunho do Tintoretto, mês que vem, haja vida e saúde. A minha senhora já planeou tudo: Bosch, Giorgione, Ticiano, e o que ela quiser. Antes, largamos a peste que está aqui connosco em Vienna, partimos os 3 no comboio nocturno de Amsterdão, uns dias por lá, uma visita rápida a Innsbruck, ligação para Verona, passeio pelo Veneto, e uma semana extra em Turim, que ando a namorar uma casita por lá e o Verão está horrível por estas bandas.
Sem comentários:
Enviar um comentário