segunda-feira, 20 de novembro de 2023

Com a notícia da morte da Sara, vieram as memórias: como detestava aquela coisa da Chuva de Estrelas que a minha irmã me obrigava a assistir, na hora do programa de história que passava na rtp2, tardíssimo... tínhamos uma televisão enorme, teria de me informar da marca, modelo, condições de aquisição... uma coisa pesada... éramos tão pobres, e estes programas sempre fascinam a populaça, ainda para mais gente como a minha irmã, ali na aldeia, às portas do subúrbio, a sonhar com viagens e malas de marca. Eu, na altura, já nutria um especial desprezo pela gentelha, rica ou pobre, a merda é a mesma. Os piores são os que se safaram nessa época, que chegaram aos grandes cargos num país pobre, não é preciso descrever em detalhe, ainda há um ou outro por aí, reformados todos, a mesma escumalha de sempre. Eram maravilhosos, aqueles programas na rtp2. E, ao sábado, quando havia, tortas de chocolate, que a minha mãe trazia duma padaria em Queluz. Tenho pena da Sara, deve ter sofrido, Deus a tenha. 

segunda-feira, 6 de novembro de 2023

Estranho, envelhecer. Só há pouco tempo comecei a dar por isso, quando vi a foto da L., já a meio dos quarenta, um pouco feia, sem se parecer nada com a mulher que conheci, quando um amigo meu se riu e disse que 2011 já foi há tanto tempo... e passou-se tanto, mas, por alguma razão, talvez o choque, o excesso de sentimentalismo, fiquei por lá. Reparo que penso muito na morte dos outros, dos meus pais, das pessoas que me eram queridas... na minha, mas essa já me persegue há muito. Não sei bem o que quero, escrever não leva a nada, para a música nunca tive talento, estou velho para começos.