No último sábado, uma companhia de teatro amador inglesa levou à cena Os Dias Felizes do Beckett. Não fui, tosse, uma infecção respiratória, não estava para fazer figuras, uma sala pequena, trinta ou quarenta pessoas. Enquanto esperava o meu amigo, esse foi, só me recordava daquela noite em que dizia a alguém de quem gostava muito, para abrir a tradução do Inominável na página 123, que tinha uma passagem lindíssima sobre as palavras. Curioso, como só me esqueci do texto. Tudo o resto permanece, duma forma estranha, mais ou menos igual. Claro que há toda esta tristeza por tudo o que se perdeu, quero dizer, perdi, que as pessoas seguem em frente, como se diz, por não poder repetir o pedido, por não poder voltar a ouvir aquelas palavras pela voz dela, e ter o seu rosto e o seu corpo nu de novo ao meu lado, por não haver mais palavras. Sim, isso é diferente.
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