sábado, 22 de julho de 2023

Até que a morte me separe

Comprei a praia de Chesil para ler três ou quatro páginas. Quando se salta de país em país, reconstruir bibliotecas torna-se cada vez mais aborrecido, como tudo o resto, e caro. Enfim. Ao contrário da personagem masculina, eu espreitei aquilo que o tempo fez à minha noiva perdida - e não foi bonito -, tive sempre vontade de falar com ela, de saber os detalhes da sua vida, porque, como está lá escrito nas últimas páginas, por tão pouco se pode alterar o rumo da vida de maneira decisiva. Coisa assim. Também tive um casamento mais ou menos falhado, como a personagem da qual nem me lembro o nome, pouco me interessam esses detalhes irrelevantes, e essa mania de dar significados ocultos a nomes de animais e coisas, nem uma beleza rara salvou aquele mundo, e agora aqui estamos, eu e a minha mulher, esta brasileira de capa de revista, que conheci quando decidi regressar a Portugal, num plano imbecil de, pelo menos, tentar conversar... 

Não sei se será punição que alguém a quem o tempo tirou toda a beleza e, segundo pude ver, qualquer vestígio de bom gosto, inteligência, ou curiosidade pelas coisas belas, me ocupe tanto o espírito, e torne a minha vida numa constante recordação, mas a verdade é que o faz. Não se entende. 

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